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GLIOBLASTOMA - CIRURGIA NO IDOSO 

Este artigo é parte das diretrizes da Associação Médica Brasileira e foi produzido pela equipe de Neurocirurgiões do qual faço parte.
São poucos os estudos relacionados ao tratamento dos pacientes idosos (maiores de 65 anos) com Glioblastoma de forma que ainda hoje não se sabe com precisão qual o papel da cirurgia neste importante grupo de pacientes. Pairam ainda dúvidas sobre a importância de se ressecar a maior quantidade possível de tumor nesta faixa etária.
Na tentativa de esclarecer esta dúvida analisamos os estudos disponíveis desde 2005 e que descreviam os resultados em idosos. Através da análise estatística dos resultados foi possível reavaliar o papel da cirurgia no tratamento de 1076 pacientes idoso com Glioblastoma. O resultado deste nosso estudo reforça o papel da cirurgia no tratamento deste grupo de pacientes:
Aqueles que foram submetidos a ressecção completa tiveram sobrevida média de 13,13 meses. Os que tiveram ressecção parcial tiveram sobrevida média de 7,52 meses e aqueles que foram submetidos somente a biópsia sobreviveram em média 2,56 meses.
Em conclusão: No paciente com Glioblastoma, mesmo idoso, deve-se procurar a retirada da maior quantidade possível de tumor de forma segura pois a ressecção completa está associada ao melhor prognóstico.

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Img - Biópsia líquida.jpg

BIÓPSIA LÍQUIDA DE TUMORES CEREBRAIS

Dos tumores cerebrais o Glioblastoma é o mais comum e com prognóstico mais reservado. Nem todos os pacientes têm capacidade de se submeter à cirurgia e em algumas situações estes tumores afetam áreas não passíveis de tratamento cirúrgico. Existe, então, uma grande necessidade de se desenvolver métodos de diagnóstico, acompanhamento de tratamento, definição de prognóstico e auxílio no tratamento, que sejam menos invasivos.

A biópsia líquida é um método de análise de fluidos biológicos buscando-se a detecção de material genético proveniente do tumor cerebral, não envolvendo a sua abordagem cirúrgica direta.

Estes fluidos biológicos podem ser: Líquor, sangue e urina

Em um artigo publicado em julho de 2019*, Ander Saenz-Antoñanzas e colegas revêem as mais recentes pesquisas sobre a utilização da biópsia líquida em pacientes com Glioblastoma. 

Os autores descrevem como o material genético em um fluido biológico, como o Líquor, pode conter uma série de moléculas derivadas diretamente do Glioblastoma, como fragmentos do DNA, RNA, vesículas extracelulares e até mesmos células tumorais circulantes, que podem ser detectados com métodos específicos. 

Discute-se como a análise destas moléculas, adquiridas por método pouco ou não invasivo, pode revolucionar a forma de se tratar os pacientes com tumores cerebrais.

*Cancers 2019, 11, 950

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BRAF.bmp

                                                                         GLIOBLASTOMA - DABRAFENIB E TRAMETINIB

 

A mutação do gene BRAF-V600E, que é responsável por uma dos caminhos para  crescimento descontrolado das células cancerígenas, é encontrada em 5 a 15% dos Gliomas de baixo grau e em 3% dos Glioblastomas.

O artigo publicado na revista Lancet Oncology em novembro de 2021 pelo Dr. Patrick Wen e colegas (Lancet Oncol. 2021 Nov 24:S1470-2045(21)00578-7) descreve os achados iniciais de um estudo usando a associação dos medicamentos Dabrafenib e Trametinib para o tratamento do Glioblastoma e Glioma de baixo grau com a mutação deste gene.

Os autores descrevem boa resposta ao uso das medicações em 66% dos pacientes com Gliomas de baixo grau e em 33% daqueles com Glioblastoma com a mutação. A toxicidade do tratamento foi considerada tolerável. 

O estudo também discute sobre a importância atual do sequenciamento genético dos Gliomas (Next Generation Sequencing) na determinação de alvos moleculares específicos para estes tumores.

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